quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Por que quis ser professor?

Muitas vezes não sei. Outras vezes penso que, por masoquismo, ou por uma promessa qualquer que a minha memória não reteve.
Mas, em momentos muito concretos e muito bem definidos, em que todas as opções são postas em causa, existe uma ajuda infalível: os nossos alunos ou ex-alunos.
Já comecei e vou até ao fim.
Há uns anos atrás, depois de bastantes anos de deambulações por apoios educativos (os antigos), da coordenação de apoios educativos, de escolas de ensino especial... (sempre sem turma), depois de um estágio pedagógico (na minha formação inicial) que vincou bem a minha diferença em relação ao "típico" professor do 1º ciclo ( a nota final não provou essa diferença, e tenho que agradecer à Lurdes e à Maria Antunes o voto de confiança)... finalmente tive uma turma para um ano inteiro.... um 1º ano, ano em que nunca tinha estagiado, que pouco estava relacionado com as formações mais recentes....que me angustiou, de início, mas logo me protegi: de onde vêm? Do Jardim de Infância. O que têm trabalhado? .... entre muitas coisas, histórias... e são seres altamente empenhados em aprender aquilo que acham que a escola lhes vai ensinar em quinze dias....
Obviamente que é mais duro... particularmente quando não se é um "cara de pau" como eu não sou - - consequência nas cabecinhas: podemos brincar....a escola é brincadeira - - - e mantenho - - a escola também tem que ser brincadeira - - se não, não faz sentido que seja escola a 100%.
Estas emoções fortes são como as cerejas lavadas: nunca se arranca só uma.
....
Queria falar de:
Hoje, por questões administrativas, um ofício que me foi endereçado para a escola onde estive há dois anos lectivos atrás, relembrei porque gosto de ser professor do 1º ciclo: casualmente, no intervalo, reencontrei parte da minha antiga turma: SENTI AMOR E CONFIANÇA; das críticas (longínquas, de que andavam demasiado confiantes, de que a escola não era um local de trabalho... digo apenas, que depende da perspectiva que se tem do que é escola (ATENÇÃO PORQUE A ESCOLA DE HOJE É MUUUUIIIITOOOOO DIFERENTE DA ESCOLA DE HÁ 20 ANOS ATRÁS).
Mas, o mais importante: um aluno, que não consegui identificar disse: - professor, temos saudades das tuas histórias.... - este facto irá perseguir-me por muito tempo, as crianças aprendem com a prática e com os exemplos, porque as histórias são exemplos de vida, quando convicentes. E que a forma como estas histórias são contadas, irão influenciar a sua compreensão e as suas aprendizagens e o seu futuro, não me deixa qualquer dúvida - este meu episódio sucedeu durante a época glaciar em que as carreiras docentes estavam "congeladas".
Vou repetir: "... temos saudades das tuas histórias...", deixa-me o o amargo de boca de que algumas das coisas que já sei, e que lhes poderia ensinar, ficam em "stand-bye"... a esperança de que a titular da turma lhes saiba dar continuidade...
Outro amargo de boca e ainda mais amargo: cada vez mais, o sistema educativo me tira a liberdade de trabalhar de acordo com as minhas próprias características: ou segues o sistema ou és excluído.

A quem me conheça:
Estou quase a aceitar qualquer proposta alternativa de emprego.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Fábricas

Hoje o comentário será curto e grosso - ainda no rescaldo da greve de 19/01.
Na rotina das aulas de natação dos meus filhos, que representam mais umas horas diárias de trabalho (por enquanto só para o pai), que vou seguindo com razoável atenção, foi entrando nos meus ouvidos e atenção (muito impermeáveis) uma conversa sobre a avaliação dos docentes, conversa mantida por duas docentes; entrei na conversa, participei, sempre com uma perspectiva moderada, tentando conciliar o inconciliável: a perspectiva do Ministério com o discurso dos professores, repetido por todas as salas de professores do país, herdado por tradição oral e por muitos factos "comuns" pouco questionados - não ponho em causa a inteligência e empenho destas colegas...
Mas fartei-me..., queria ouvir algo novo e nada, os mesmos lugares comuns e provoquei.
Disse que o iria fazer e perguntei (já sabia a resposta) quantas vezes nos últimos quinze minutos tinham falado sobre as suas aulas e os seus alunos... (todos conhecemos a resposta, que tenho vergonha de escrever).
É por esta razão que uma avaliação que seleccione os professores é necessária; é por a educação se ter tornando num processo mecânico e industrial, como o casal Toffler refere - num post bem antigo deste blogue, que a urgência de uma efectivação da avaliação emerge.
O problema é que a avaliação que nos querem impor visa reduzir os custos gerais da educação, quando deveria, pelo contrário, quantificar o quanto seria necessário dar a cada aluno para ter sucesso educativo.
Os modelos propostos lembram estas imagens imortais de Chaplin. (partilhadas no You Tube)


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A força que o querer tem que ter... podia ser uma política educativa comum a vários ministérios (o que vale é que ainda acreditamos em contos de fadas

São demasiadas palavras para um vídeo que "fala por si"; mas as minhas palavras, às vezes vão longe demais...

Estou num período da minha vida em que raramente vejo o que tenho à frente dos olhos: são precisas imagens fortes (quase hardcore) para ver o estado do mundo.
Os telejornais repetem-se e insistem em notícias que nada têm que ver com as dificuldades da família A ou B; referem antes os baixos lucros dos bancos, corrigindo os da banca "com fins lucrativos"; ofuscam-se com o futuro cão da família Obama que poderá latir em português (béu, béu, béu), têm que consultar o dicionário certo; o açougueiro que amputa dedos em tribunal, seria mais mediático se amputasse a cabeça (a que pensa), ou se alguém público fosse efectivamente condenado por pedofilia e condenado à amputação do pénis. Isto sim, poderiam ser notícias com importância ou influência na opinião pública. MAS ESTAMOS ADORMECIDOS, A GREVE NÃO É SOLUÇÃO, A FENPROF JÁ ERA...ENQUANTO NÃO TRABALHARMOS AS TRINTA E CINCO HORAS SEMANAIS NA ESCOLA, A ESCOLA PÚBLICA NÃO VAI MELHORAR, MAS HAVERÁ SEMPRE MUITOS BALDAS CONTRA ESTA INTENÇÃO...
(assobio...)
não era disto que queria falar.
Tive para dar o título idêntico ao do post anterior, mas não apeteceu.
Nesta situação é mais uma mãe (QUE DESEMPENHA TODOS OS PAPEIS NECESSÁRIOS AO FILHO). Isto dava pano para mangas e pêlo para barbas e pêlos nas pernas a muitas mulheres)...
Por muito que me custe entrar em confronto com o Sr. Primeiro Ministro, não consigo deixar de me perguntar se o "choque tecnológico" resolve estas questões.
E pergunto-o de braços erguidos em louvor da importância que atribui à educação nos seus discursos): e pergunto-o com a ingenuidade de quem já lhe deu o voto:
- Como vai funcionar o choque tecnológico com estas crianças e jovens?
... infelizmente desconfio da resposta (até pode haver resposta política), mas o problema é que, na prática, são uma minoria com pouco peso político nos votos.
Costumo ser defensor de resoluções pouco radicais, porque ao mesmo tempo que criam antipatias, criam simpatias.
Mas sem ter consultado, nem de longe, a maioria de todos os colegas docentes informados, estamos contra o seu (do 1º Ministro) choque tecnológico (posso ainda argumentar em sua defesa) a maioria das visitas que realizou, foram antecipadamente preparadas para mostrar sucesso...tem dúvidas disto?).

Eh, pá, o post não era para o Sócrates...

(não era, nem é)

Mas são dois aspectos que se cruzam no futuro (para não falar de outras coisas).
Pergunta simples:
como irá ser executada a promessa do choque tecnológico, utilizando-a também para os alunos com necessidades individuais) - ou por outras palavras, não seria vantajoso moderar o choque tecnológico e melhorar a qualidade do ensino para "todos" os alunos"?

Insisto: esta minha perspectiva não é retórica, muito menos experimental e ainda menos política, esta é uma dúvida de quem conhece o Portugal que as campanhas eleitorais escondem...e à qual a Segurança Social não consegue chegar... basta perguntar...

E mesmo assim: ( o tipo é chato...) de onde veio todo este dinheiro? E por quanto tempo se vai manter? ou terá sido só um show de tv?...


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sózinho ninguém avança.

Tive uma visita ilustre hoje no meu blogue; de alguém que viu sempre primeiro as crianças e só depois o resto do mundo (quando não pensava nas crianças, era apenas para melhorar o seu bem estar). Não preciso, mas faço questão: foi e continua a ser professora do 1º ciclo.
Talvez o vídeo reflicta aquilo que a Rita via antes dos outros todos.
Beijinhos e obrigado pelo exemplo.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Bom Ano de 2009

Saúde, paz, felicidade e estabilidade, para os amigos e para os outros.