sábado, 27 de dezembro de 2008

Docente: emprego ou profissão

Pode ser exactamente a mesma coisa, mas normalmente não é. Como comparação falo dos enfermeiros, acho até que têm os mesmos ordenados que os professores: mas os enfermeiros têm, grande parte deles, dois ou três empregos diferentes; podem sair de um turno de oito horas nas urgências de um hospital e fazer mais oito horas seguintes numa viatura do INEM (aquelas amarelas que passam sempre em excesso de velocidade) - podem andar em excesso de velocidade e acumular vários turnos seguidos. Devem existir estudos feitos sobre esta situação e a sua capacidade de atenção e concentração nestas alturas (os professores não podem dar mais de seis horas de aulas seguidas - deve ser muito mais esgotante que atender doentes). Já não falo dos médicos que andam sempre fora de horas, por acumularem uma bateria de funções em diferentes hospitais, clínicas e consultórios. Mas há que dizer também: os médicos e enfermeiros têm lugares para dormir durante os períodos de trabalho, o que só se justifica por terem turnos sucessivos.
Os professores também podem acumular, tudo bem. Mas os enfermeiros não levam trabalho de casa e os médicos só levam trabalho para casa por pretendem progredir na carreira e receber convites para congressos em sítios interessantes.
Chegado aqui tenho que dizer - conheço excepções a estas situações, bastantes e honrosas.
Excepção ou não, estes profissionais têm uma profissão, são médicos e enfermeiros, ponto final, parágrafo.
E os docentes: sim senhor, podem acumular funções, mas em que horário? uma vez que não trabalham por turnos? Explicações a quem? Se quem os conhece, são os alunos do seu próprio agrupamento, e este trabalho se encontra vedado por lei... é o mesmo que os médicos não poderem atender no consultório, doentes que estiveram no seu hospital... mas adiante: têm que dar resposta a todas as situações que se lhes deparam. Na educação as exigências, para além das aulas: colegas, alunos, pais, departamento, conselho executivo, avaliação... isto, assim, com estas coisas todas, é só um emprego, porque se não for só um emprego, fica tudo maluco...
Relativamente à educação e ensino, talvez se possa actualmente afirmar: não é uma profissão, é só um emprego, porque se fosse profissão, apareceriam outro profissionais para tratar do relacionamento com os encarregados de educação (o que se verifica com os médicos e enfermeiros), haveria outros técnicos para tratar da parte administrativa (o que sucede com médicos e enfermeiros), que tem um peso horário muito alto e ainda haveria alguém para supervisionar o funcionamento disto tudo, esta sim sujeita às pressões tradicionais: as cunhas, os presentes e as pressões partidárias.
Quando me pergunto a razão desta actuação governamental em relação à educação, só posso concluir o seguinte: são o grupo menos organizado das grandes estruturas profissionais; têm uma elevada percentagem de pessoal com idades elevadas; O actual elenco ministerial não conseguiu estruturar e implementar um modelo para as necessidades de registo e planificação nas turmas; é uma classe profissional com muita formação, e por isso, com um conhecimento administrativo e de gestão bem superiores às que revelam os elementos responsáveis por determinadas medidas.

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