quarta-feira, 12 de novembro de 2008

As cascas da cebola - como têm os ogres - dito pelo Shrek acerca de si mesmo, ou a verdade verdadeira

De vez em quando sinto-me parte da família de um aluno, quando falo com a família sobre o processo educativo. Há famílias com quem os professores se sentem a "trabalhar em equipa", ou seja, apesar de não existir coincidência de metas educativas e mesmo, em muitas ocasiões, nas metodologias e estratégias seguidas na aula e ainda menos na forma de gerir comportamentos, sente-se que as divergências são apenas processuais e tolera-se sempre quase tudo.
No outro extremo, o professor é o vendedor que tem que "impingir" a importância da escola a determinados encarregados de educação.
São muitas já as famílias que se enquadram nestes dois grupos e estas são as "fáceis", mesmo sabendo que os professores gostam de representar um dos papéis e não se identificam com o outro - de certeza que não há dúvidas.
No meio há uma imensa maioria, só silenciosa quando perde a razão em praça pública; um exemplo: (já estou a esfregar as mãos de satisfação) no início de uma reunião de pais, a primeira intervenção de uns pais (pai e mãe presentes) apontou uma arma de destruição maciça a um aluno de etnia cigana - fez e disse *#?&%$# - ok, o menino não andou no jardim de infância, não sabe estar em grupo, mas para a sua família a Escola é a altura de aprender tudo isso... ok, o menino dá chatices no comportamento...
Alargada a discussão, a medo foram apontados outros meninos problemáticos, inicialmente sem nome, estando o menino de etnia cigana no centro de todas as acusações. Por não ser recém-nascido escolhi o momento certo para perguntar o nome dos outros meninos problemáticos. Tive os nomes como resposta, alguns encarregados de educação não voltaram a abrir a boca e o menino de etnia cigana foi deixado definitivamente em paz.
Conclusão número um: na Escola os pais projectam muitos problemas psicológicos próprios que deveriam ser deixados de fora.
Conclusão número dois: a inquisição continua a existir, no séc. XXI.
Conclusão número três: os pais fazem falta à escola, ou como disse alguém famoso que não recordo e por isso não cito, apenas refiro: os amigos devem estar próximos de nós, para podermos contar com eles quando necessário; os inimigos deverão estar ainda mais perto, para os podermos controlar. - Obviamente não estamos a falar de educação, mas quase parece.
E todos os outros?
Resposta: Não têm tempo, está sempre tudo bem com os seus educandos, têm auto-conceito académico muito debilitado, confiam na perspectiva de outros (mais um post no futuro - que se desenganem aqueles que julgam que estes elementos não se preocupam com os seus educandos).
Até.

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