domingo, 30 de novembro de 2008

Professora, Professor, qual a sua opinião sobre:

Não sou fundamentalista, nem acho que as manifestações públicas de desagrado quanto a várias coisas, algumas pouco definidas, sejam a melhor "publicidade" possível ou desejável.
Nem é objectivo deste blogue defender os professores e as suas virtudes, assim como não se pretende evidenciar as suas fragilidades.
No entanto chegou-me um email, que apesar de excessivo, aponta as causas do mal-estar da classe docente de uma forma clara, mas que deverá ser analisado apenas de modo compreensivo, não interpretativo (aqui a história poderá ser diferente...) e que reproduzo abaixo.

Professora, Professor, qual a sua opinião sobre:
a. Coordenação de Departamento não remunerada;
b. Aulas de apoio não remuneradas;
c. Aulas de substituição não remuneradas;
d. Direcção de Instalações não remunerada;
e. Desenvolver actividades extracurriculares não remuneradas.
f. Visitas de estudo não remuneradas.
g. Reuniões fora de horas não remuneradas.
h. Reuniões à noite, fora de horas.
i. Ficar fechado na Escola horas sem fim, sem condições de trabalho, em vez de estar em casa a preparar as aulas.
j. Estar na Escola à espera que um colega falte - apontem uma outra profissão onde se passe o mesmo.
k. Que a Sra. Ministra obrigue a trabalhar mais horas e o agradecimento passe apenas por um obrigado cínico no Parlamento.
l. Que um colega de outra disciplina assista às nossas aulas.
m. Que as notas dos alunos que não querem estudar o impeçam de progredir na carreira.
n. Com o congelamento dos vencimentos e progressão na carreira.
o. Que a maternidade, morte de um familiar próximo o impeça de progredir na carreira.
p. Com o Estatuto do Aluno.
q. Com a diminuição da autoridade dos professores.
r. Com os insultos e agressões por parte de alguns alunos e respectivos Encarregados de Educação.
s. Com a destruição da Escola Pública.
t. Com a divisão da carreira em duas: titular e não titular colocando Professores contra Professores.
u. Com as cotas na progressão.
v. Com o péssimo ambiente de trabalho que se está a instalar nas Escolas.
w. Com o fim dos destacamentos.
x. Com os concursos por quatro anos.
y. Com o trabalho excessivo.
z. Com a permanência na Escola de 40 horas.
aa. Que os Professores se substituam aos Pais e que os Pais só sirvam para procriar.
bb. Que Professores tenham 10 Turmas, mais de 250 alunos e 1500 testes para corrigir por ano, para não falar dos trabalhos.
cc. …………………………………………

2 comentários:

bgod disse...

O José Carvalho pediu-se para publicar o seguinte comentário:

Os protestos dos professores acontecem não por que eles sejam fundamentalistas, não por que discordem da necessidade de se fazerem reformas no sector educativo, não!
Os protestos sucedem-se, os docentes manifestam-se, vão para a rua protestar porque a política educativa em Portugal tem sido muito mal gerida, alegam os governantes que é preciso ter uma visão de futuro, só que essa visão é muito sombria, burocrática, penalizadora e propícia ao compadrio.
Em vez de se dizer ao país, mormente aos docentes, o que é necessário alterar na área da educação para se estar em consonância com os nossos parceiros da União Europeia e pedir soluções/sugestões de como proceder de modo a que se procurem consensos, não... Avançam-se medidas que à partida se sabem impopulares (mas a maioria no Parlamento salva tudo), economicistas (embora arvorem o "choque tecnológico" e as obras de modernização do parque escolar como o maior investimento), desintegradoras da classe docente porquanto todos aqueles que FELIZMENTE o conseguem passam à aposentação (ainda que com algum prejuízo económico) e os que são forçados a permanecer no sistema por razões várias se sentem desconfortáveis, desmotivados, olham os demais colegas com desconfiança (sobretudo aqueles que estão ou ascenderam a cargos que de uma forma ou de outra os colocam na posição de avaliadores), protestam, manifestam-se, fazem greve, pois é claro! E que mais poderiam fazer de forma ordeira e pacífica? Violência, agressão física, para já está do lado dos alunos e dos encarregados de educação/pais (uma minoria felizmente), os professores esses têm que aguentar, é para isso que o Ministério lhes paga.
Uma sugestão para terminar: O Ministério e o Governo alegam que não pode ser todos os professores chegarem ao topo da carreira, então que se crie um passe a expressão "ultra topo" a que só acedem aqueles que se sujeitarem a determinadas provas/avaliações de desempenho exigentes e que uma vez ultrapassadas com sucesso atinjam o "PARAÍSO EDUCATIVO", o nirvana, esses sim serão então os PROFESSORES MODELO, os "BESTIAIS", e por que não percorrerão o país a anunciar e a mostrar as virtudes do seu trabalho em prol da educação (só que têm que se fundamentar nos anos de prática educativa - e cada um no seu nível de ensino - e não nas teorias muito bonitas de que está nos gabinetes, longe da realidade do trabalho prático.
O que precisa o sector educativo?! De TRANQUILIDADE, muiiiiiiittttaaa TTTRRRRAAANNNQQQUUUIIILLLIIIDDDAAADDDEEE.
José Carvalho

Rita Carrapato disse...

As vinte e tal questões aqui deixadas são, na minha opinião, afrontas à integridade pessoal, moral, social, profissional... de qualquer docente. São desvarios fabricados por quem é cego e que fazem doer a pele dos professores, são tatuagens (algumas delas "irremovíveis" mesmo que a laser) que ficam a marcar as mãos, são pedregulhos enormes lançados nos trilhos que o professor quer percorrer em harmonia consigo, com os alunos, com os pais, com a sua dignidade de ser humano,com a VIDA.
Acredito, ainda,não nos tempos mais próximos, que algo vai mudar, quando os senhores que nos "comandam" abrirem as cortinas de par em par e virem que caminhos com tantos obstáculos são ruidosos de mais para quem quer trabalhar em tranquilidade, como deixa o Zé Carvalho registado.Outra melodia há-de tocar!...
Deixo no ar, para finalizar o meu comentário, uma pergunta: Se o professor já faz tanto do que não queria fazer, de que mais precisará a senhora ministra para amar um bocadinho os professores?

Um abraço

Rita Carrapato